Não é novidade para ninguém que as pequenas e grandes empresas brasileiras precisam enfrentar uma série de dificuldades para aumentar a produção empresarial. Esse já foi um termo apenas ligado à atividade das fábricas, mas no mercado atual migrou para execução de tarefas do dia a dia e também para o comportamento humano nos escritórios e no trabalho remoto.
Empresários brasileiros perdem tempo resolvendo situações que teoricamente deveriam ser fáceis, mas que acabam virando um grande empecilho para crescimento da empresa. Burocracia com serviço público, lentidão no transporte para chegar ao local de trabalho, atrasos nas entregas dos fornecedores, baixa motivação dos funcionários e a novidade dos últimos dois anos: o trabalho em Home Office que acabou distanciando as pessoas da rotina dos escritórios. A lista de desafios é grande e reflete nas metas e objetivos das empresas.
Diversas pesquisas apresentam um cenário bem realista do problema que estamos falando relacionado a produção empresarial. Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas, durante 37 anos, constatou que o aumento na produtividade do trabalhador brasileiro em áreas administrativas foi de, apenas, 0,9%. Ela foi praticamente a mesma durante mais de três décadas e está bem abaixo dos demais países. Para efeito de comparação, o que um norte-americano faz em 15 minutos e um alemão ou coreano, em 20 minutos, o brasileiro normalmente leva uma hora para fazer.
Ao compararmos o Brasil com outros países, temos mais clara a noção de que sim, é possível mudar a produtividade na execução de tarefas. Esse guia que a Be You Education preparou vai te ajudar a responder às seguintes perguntas: Por que fazer mais ? Onde fazer mais ? Como engajar a equipe nos objetivos?
POR QUE FAZER MAIS ?
Você pode pensar rapidamente e responder: Para vender mais, para bater as metas, para lucrar mais, para alcançar objetivos pessoais… Respostas não faltam. Mas antes de chegar até elas, é preciso saber porque fazemos menos do que esperamos como equipe.
Para o professor José Pastore, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio – SP, os fatores que conspiram contra a produtividade são:
• Baixa qualificação e capacidade dos trabalhadores (capital humano)
• Tecnologia atrasada e mal administrada nas empresas (capital físico)
• Investimento caro e abaixo do necessário (capital financeiro)
• Infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos insuficientes e sucateados)
• Burocracia complicada
• Ambiente de negócios perverso ( concorrência desleal)
Jorge Arbache, economista e estudioso do assunto, mostrou que em 1980 a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% maior do que a do trabalhador chinês, Em 2013 já era inferior a 18% da chinesa. No período, a eficiência dos chineses cresceu 895%. Já a dos brasileiros, meros 6%. É preciso levar em conta as condições do trabalho dos chineses, muitas vezes em ambientes próximos da escravidão, porém os motivos do Brasil ser ultrapassado também passam pela própria ineficiência em diversos setores da economia, como listamos acima.
O mercado pede soluções urgentes que muitas vezes podem ser tomadas pelo próprio empreendedor. São ações que geralmente apresentam resultados significativos. Por exemplo, um estudo realizado pela Universidade da Califórnia identificou que um trabalhador feliz é, em média, 31% mais produtivo, três vezes mais criativo e vende 37% a mais em comparação com outros. Além disso, ele acaba motivado a atender melhor o cliente, evitar acidentes no trabalho e reduzir desperdícios.
ONDE FAZER MAIS ?
É preciso agir na estrutura da empresa. Segundo o Relatório de Trabalho Empresarial dos EUA, Workfront, a quantidade de tempo que os colaboradores gastam trabalhando é inferior à metade do expediente diário (a jornada é, geralmente, oito horas). Estima-se que apenas 39% de um dia de trabalho seja produtivo.
Basicamente os estudos e livros sobre produtividade no ambiente empresarial apontam para um TOP 5 das soluções:
Defina as funções: O colaborador tem que saber o que precisa fazer e quais são os resultados esperados.
Aposte em capacitação: O mundo muda muito rápido, todos precisam acompanhar o que acontece da porta pra fora da empresa. Ofereça cursos, palestras, espaço para debates e diálogos. Convide pessoas de diferentes áreas para compartilhar conhecimento entre os funcionários. Mas cuidado com a frustração que isso pode gerar. Ao mostrar teoricamente outras linhas de pensamento e modos de agir é preciso oferecer a oportunidade prática para isso se tornar realidade dentro da própria empresa.
Ofereça qualidade: Sua empresa não precisa ser o Google que oferece sala de jogos, quartos para dormir e outros aconchegos. Mas um pouco de carinho vai bem. Flexibilidade nos horários e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal faz toda a diferença.
Comunicação aberta e clara: Um líder precisa dialogar com todos. Não se esconda atrás de emails e mensagens de whatsapp. O contato pessoal ainda tem um peso diferente na relação. Se não for possível por causa do trabalho remoto, faça um atendimento individual com o colaborador. O mais importante no primeiro momento é demonstrar intenção de zelo.
Demonstre reconhecimento: Assim como nas redes sociais, os funcionários esperam que os momentos de alegria dentro da empresa sejam curtidos e compartilhados. Se alguém bateu uma meta, alcançou um objetivo, o gestor deve fazer um elogio público e aproveitar para incentivar outros colaboradores que estão desmotivados.
O TOP 5, claro, também vale para o trabalho remoto. Nos últimos anos, com a chegada da pandemia, milhões de brasileiros aprenderam a trabalhar de casa. O Home office foi mantido por muitas empresas, mesmo com a possibilidade de novamente encher os escritórios de funcionários.
De acordo com os dados da pesquisa State Of Remote Work Report, realizada em 2019 pela OWL Labs com trabalhadores remotos do mundo todo, 74% dos participantes afirmam que permitindo o trabalho em casa eles ficariam menos propensos a deixar a empresa. Além disso, 81% dos entrevistados afirmam que a possibilidade de trabalhar de forma remota aumentaria a chance deles recomendarem a empresa. Mas a pesquisa é clara, toda essa satisfação funciona aliada aos elementos aplicados no TOP 5.
COMO ENGAJAR A EQUIPE NOS OBJETIVOS ?
Aumentar a produção no ambiente de trabalho é uma tarefa difícil. Numa entrevista para a revista Exame, o especialista em pesquisas organizacionais, Stephen Harding definiu que o engajamento do funcionário com a empresa passa por três dimensões:
Pensar: o profissional entende e aceita os objetivos, valores e estratégias estabelecidos pela empresa da qual faz parte.
Sentir: o colaborador sente orgulho da organização e gosta do que faz.
Agir: quando um funcionário acredita e se sente bem em trabalhar em uma empresa, fará o necessário para que os negócios tenham sucesso.
Stephen respondeu se é preciso ter as três dimensões para estar engajado na empresa:
“As três vêm juntas. Pode ter uma situação em que o funcionário esteja feliz no trabalho mas, ao perguntar se ele acredita no que faz ali, ele pode dizer que não sabe, que nunca viu seu principal líder. Na Europa e nos Estados Unidos, 70% das médias e grandes companhias estão fazendo algo para engajar os funcionários. Isso se justifica porque, segundo nossos estudos, feitos com 40 empresas globais, durante três anos, as de alto engajamento têm margem operacional e financeira maior. O empregado mais motivado produz mais e melhor, o que interfere na satisfação do cliente e até no nível de acidente de trabalho. Pessoas mais engajadas são mais atentas. Assim, mais do que um programa de recursos humanos, trabalhar o engajamento é um programa econômico”
Ao ser perguntado como um líder deve agir ele respondeu:
“Os líderes precisam criar um meio ambiente de trabalho que permita às pessoas crescer por si só, sem que eles digam o que fazer. O melhor gerente, na verdade, lidera por estágios. Significa que ele não dirá diretamente “faça isso e faça aquilo”. Ele discute com o empregado qual o objetivo da semana, e o deixa fazer como quiser. Se o time tem dúvida, ou precisa de ajuda, ou de um coach, o gerente está disponível. Agindo assim, o gestor constrói um senso de autonomia e um sentimento de poder”.
Outra dica bem importante é sobre motivação:
“Trabalhar para um bom grupo, respeitado e conhecido, gera uma motivação positiva. Pagamento e recompensa raramente aparecem como fator essencial, mas isso não significa que são irrelevantes. Se você está em uma parte do mundo onde não se tem muito dinheiro para sobreviver, claro que o dinheiro é um motivador importante. Mas em lugares como o Brasil, em países desenvolvidos e até nas companhias, onde normalmente o dinheiro é distribuído irregularmente, a remuneração é um fator menos motivador do que o reconhecimento. O empregado se sente orgulhoso, se sente lembrado, se sente um elemento importante quando a empresa o reconhece na frente dos outros. Por isso, é importante que os gerentes e os líderes saibam como reconhecer os times”.
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