O perfil do empreendedor mudou e o mercado exige atualização. O iFood tem muito a ensinar: “o líder faz ajustes muito mais rápidos.”
Você já deve ter ouvido ou lido essas frases:
“As lojas virtuais chegaram para mudar o modelo de negócio físico”.
“Uma empresa não vende apenas produtos e serviços, mas sim conceitos”.
“Cursos presenciais estão perdendo espaço para EAD (educação a distância)”.
“Um líder precisa ser flexível”.
Essas frases viraram clichês de um mercado cada vez mais globalizado com a cultura da inovação e tecnologia. A própria expressão, “nova economia” não é tão nova assim. Esse termo já vem sendo usado desde o final da década de 90 e seu significado vai muito além de dominar novas ferramentas de trabalho.
Mas então, o que há de novo ?
A novidade é que o mercado atual não suporta mais o modelo antigo. Na luta contra o relógio da modernidade, profissionais precisam se atualizar ou nos casos mais desafiadores, se reinventar. Vamos ver ao longo desse texto que a liderança empresarial que não passar por uma transformação de comportamento corre risco de ficar obsoleta e ser engolida pelos desafios dessa era.
O que é “nova economia” ?
Empresas focadas no produto, que fogem de mudanças e uma liderança forjada nos conceitos antigos dos fundadores e não dos clientes estão presas na “velha economia”. Nos últimos anos a literatura empresarial tem se dedicado a explicar o que é essa nova maneira de empreender, em que os negócios passaram a ser inovadores e o foco principal está no consumidor. No livro: Nova Economia – Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro, o vice-presidente de Finanças e Estratégia do iFood, Diego Barreto, explica o que é o conceito “nova economia”:
“É o modelo de negócio que promove a inovação, sustentada pela gestão ágil, com hierarquia mais flexível, times diversos e compromisso com a sustentabilidade”
É preciso entender que esse tipo de liderança tem o propósito básico de solucionar os problemas usando a criatividade. Essa capacidade de criar soluções é sustentada por outra expressão que vem na carona da “nova economia”. A chamada “indústria 4.0” , onde a automação e as máquinas são cada vez mais utilizadas, onde os líderes se dedicam à promoção de bem-estar dos funcionários e clientes, deixando para inteligência artificial, robótica e as facilidades de aplicativos e softwares o trabalho de produção em grande escala.
O que podemos aprender com iFood.
A iFood é uma empresa brasileira fundada em 2011, atuante no ramo de entrega de comida pela internet, sendo líder no setor na América Latina, que entrega 60 milhões de pedidos no mês. No ano passado, um bilhão de pedidos foram levados para casa dos brasileiros. Esses são números divulgados pelo iFood que faz questão de defender no próprio site da empresa o modelo de uma economia nova que precisa ser praticada:
“No Brasil da ‘velha economia’, os gestores esperam dos colaboradores que sejam apenas capazes de entender como fazer e manter um método de execução. Já a liderança da nova era tem a ver com engajar e fazer as pessoas acreditarem em algo maior, saírem de seu estágio natural para entender quais são as competências necessárias para atingir esse estágio maior. Na ‘velha economia’, o líder se preocupa pouco com o engajamento porque é tudo mais linear, mais estável, menos conectado. Só que o mundo tem mudado cada vez mais para essa ultra conexão, para a agilidade e a complexidade. O gestor tem planos de médio e longo prazos; o líder faz ajustes muito mais rápidos.”
O iFood toca num ponto crucial para transformação da “velha” para “nova” economia: o papel do líder
Podemos analisar que no cenário atual vivemos uma fase de mudança na hierarquia tradicional nas empresas, onde o funcionário quer ter a liberdade de debater qualquer assunto com seu gestor. Uma cultura que vem das redes sociais para dentro das empresas e exige do líder uma conduta mais flexível baseada nas soft skills, que são as habilidades relacionadas ao comportamento social. (leia mais sobre o tema no nosso artigo- https://beyoueducation.com.br/habilidadesparacontratacao) A vida mais conectada com o virtual provocou alterações no relacionamento entre as pessoas e as empresas, o que acabou obrigando os líderes a se encaixarem numa nova dinâmica, tomando decisões com base no desejo de seus clientes, cada vez mais participativos nas decisões das instituições.
Meta x Conceito.
Não se trabalha sem meta , mas na nova economia não existe meta sem conceito. Uma não pode existir sem a outra.
Susan Sobbott, ex-CEO e presidente da American Express Global Commercial Services, compartilhou um exemplo da relação de meta/conceito da empresa:
“Uma das coisas com as quais lutei quando falei sobre nossos objetivos para a organização foi essa noção de alinhar propósito, princípios e lucros. Com base nos imperativos corporativos, vi-me falando em atingir uma taxa de crescimento de 15% ou uma redução de 20% nos custos. Para ser sincera, nem eu estava motivada por isso. Então comecei a falar sobre como poderíamos mudar a vida de milhões de clientes e como esses clientes poderiam mudar suas comunidades e a economia, através do nosso trabalho em equipe. Era como ter ligado um interruptor. Começamos a ver a motivação e o trabalho em equipe crescerem significativamente porque tínhamos um propósito maior. Esse propósito nos levou aos números. O crescimento foi mais um resultado do que uma intenção. ”
O conceito da empresa precisa também vir acompanhado de exemplos dos líderes. Durante a pandemia, chefes de estado se tornaram exemplo de sucesso na nova economia. Algumas características foram indispensáveis para isso, como a capacidade de tomar iniciativas, e demonstrações abertas de integridade e honestidade. Um dos maiores exemplos, foi a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern. Ela e outros ministros de seu gabinete decidiram adotar um corte de 20% em seus próprios salários durante os próximos 6 meses como forma de mostrar solidariedade aos cidadãos que foram atingidos pela pandemia do coronavírus.
A premiê afirmou que acredita ser importante que os políticos mais bem pagos do governo demonstrem “liderança e solidariedade”.
A ideia com esse exemplo não é incentivar o corte de salários nas empresas em caso de crises sociais como a pandemia, mas deixar claro que um ato de solidariedade ( campanhas de doações ou trabalho voluntário) contribui para passar credibilidade ao conceito da instituição.
Pilares da “nova economia”.
O papel do líder não é mais o de controle, mas sim de se tornar um facilitador do trabalho da equipe. Na nova economia, os gestores não controlam as pessoas, eles dão o contexto, passam liberdade com responsabilidade. Voltamos ao livro: Nova Economia – Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro. O vice-presidente de Finanças e Estratégia do iFood, Diego Barreto diz:
“Os pilares da Nova Economia têm a ver com a capacidade de compreender o que está acontecendo e, como consequência, mudar. A Nova Economia compreende que o mundo hoje, extremamente conectado, demanda uma constante evolução. Estar na Nova Economia é aceitar que o novo precisa ser introjetado na sua empresa, na sua gestão, na sua decisão. Se algo muda, você precisa ter capacidade de absorver.”
Um pilar que precisa estar bem sustentado é a vontade de mudar. Por isso, é importante deixar claro que é preciso passar do muro da “velha” para a “nova” economia. Aqui vão algumas dicas fáceis para começar essa transformação
1 – Substituir o “O quê?” pelo “Por que?”. Buscar sentido para produtos, serviços ou campanhas. Por que a sua empresa existe ?
2 – Liderança coletiva. Não esqueça que todo mundo tem lugar de voz. Em vez do funcionário ir para redes sociais expor suas ideias, opiniões e momentos, convide pra fazer isso dentro da empresa. Uma boa ideia, ou uma visão diferente pode estar mais perto do que você imagina.
3 – Líderes cada vez mais se dedicam ao bem-estar e encantamento do cliente, deixando tarefas monótonas, operacionais e repetitivas para os robôs. Um ensinamento sobre liderança que vem do ifood
“O gestor tem planos de médio e longo prazos; o líder faz ajustes muito mais rápidos.”
